Entrevista com Sirlei Massoni

Conte-nos como e quando foi que você descobriu o mundo das bijuterias. Você é designer de bijuterias ou estilista de moda?

Sou designer de bijuterias. Considero-me autodidata, pois minha formação acadêmica é em Administração de Empresas. Tive meu primeiro contato com o tão fascinante mercado de bijuterias há seis anos, quando comecei a trabalhar como representante comercial de um fabricante de bijuterias de Caxias do Sul (RS). Durante 3 anos tive contato com diversos clientes, conheci suas expectativas, seus trabalhos e necessidades. Depois desse período, passei a acompanhar a produção das peças e a participar da compra dos materiais. Foi aí que me aprofundei no conhecimento das matérias-primas e da montagem das peças. Nesse contato com os fornecedores, também me aproximei das tendências do mercado. Em janeiro de 2002, montei, juntamente com meu marido e parceiro, Flávio Massoni, a Maria Santa Acessórios.

Como você elabora e confecciona suas peças?

Em primeiro lugar, definimos os temas a serem trabalhados dentro da tendência da estação. Em seguida iniciamos a pesquisa de quais materiais iremos trabalhar dentro de cada tema. Com os materiais em mãos, iniciamos a criação dos modelos, escolhemos as cores e os banhos e a coleção começa a ter vida.

Fale sobre a matéria-prima brasileira, no aspecto qualitativo.

Na confecção de nossas peças, utilizamos metais pretos, ouro velho e prata envelhecido, resinas em tons de pedras nobres, correntes, elos, contas, cordões e strass colorido. Basicamente utilizamos metais fundidos em Zamac, sendo que todos recebem acabamento em verniz, assim como as correntes em latão, o que aumenta a durabilidade de nossas peças. O strass utilizado é svarovski, de origem austríaca. Quanto às resinas, utilizamos diversos formatos, cores, padrões e acabamentos. A cada nova estação desenvolvemos, em parceria com nossos fornecedores, novos modelos de resina de acordo com as tendências em voga. Também procuramos materiais alternativos, como fios de seda, cerâmicas, madrepérolas e outros. A matéria-prima de origem nacional têm excelente qualidade, tanto que quase todo o material é brasileiro.

Você está cursando Moda e Estilo na Universidade de Caxias do Sul, fale um pouco do curso e quais suas expectativas com relação ao mercado atual.

De modo geral, os cursos de moda no Brasil enfatizam a área de vestuário, encarando os acessórios como um complemento da roupa. O que existem são cursos isolados de montagem de bijuterias. O que esperamos em relação ao curso é ter um maior embasamento nos produtos relacionados com moda, conhecer a história da moda, estudar comportamento, estudar o planejamento de uma coleção, aperfeiçoar o desenvolvimento de coleções, bem como, aprimorar a área de marketing, ainda assim me considero autodidata.

Na sua opinião a mulher brasileira acompanha a tendência da moda?

A mulher brasileira é bonita e vaidosa. Vivemos num país de clima tropical. As informações a respeito da moda estão transparentes e disponíveis a qualquer momento, seja pela internet ou pelas revistas especializadas. A televisão, através das novelas, também exerce forte influência no comportamento da brasileira. O que dificulta o acompanhamento das tendências da moda é o baixo poder aquisitivo em que se encontra grande parte da população do país no momento. Entra o efeito substituição, produtos mais baratos de menor qualidade e design duvidoso ao invés daqueles produtos que tem pesquisa e tendência no seu preço de venda. De uma forma geral, considero a mulher brasileira antenada com a moda.

Qual a tendência primavera/verão 2003/2004 para acessórios e bijuterias?

O grande hit da estação são as flores. Tanto de biscuí, tecido, seda, resinas, strass com montagens especiais. Os banhos são claros como a prata oxi e níquel. As cores predominantes são o rosa, o branco e o azul, sem esquecer do verde, vermelho, amarelo e laranja. Esses dois últimos, dentro das cores cítricas. Na Maria Santa optamos por um design mais clean para a primavera-verão, introduzindo alguns elementos do outono-inverno 2004, como o preto absoluto, as pérolas e os tons naturais. Dentro dessa tendência, denominamos a coleção da Maria Santa para a primavera-verão como "Flores do Desejo".

Qual a importância da participação de empresários e profissionais do setor em feiras nacionais? E nas Internacionais?

As feiras, tanto nacionais quanto internacionais, são a melhor opção para podermos nos aproximar dos nossos clientes, abrir clientes novos, ter uma relação mais estreita com os pontos de venda, conhecer melhor suas necessidades. A importância para os profissionais é vital.
A partir do momento em que iniciamos nossa participação em feiras, começamos a expandir nossos negócios, inclusive para fora do país. Na verdade trata-se de uma vitrine para que a empresa mostre sua cara e seu produto.

Que conselho você daria ao profissional que está ingressando no segmento de moda e design?

Escolha um foco específico. Algum nicho de mercado que tenha valor agregado. Fuja dos commodities. Aprenda a observar a Natureza, o comportamento das pessoas e esteja preparado para um mercado hiper competitivo.

( Artigo de :

www.portaldasjoias.com.br/Dezembro_03/Entrevista/entrevista.htm )